“Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles, uns dos herdeiros do Banco Itaú que também patrocinou a película, é uma apologia cinematográfica da oposição burguesa moderada ao regime militar instalado no país com o Golpe de Estado em 64. Estrelado pela fraquíssima atriz Fernanda Torres, que tem pouquíssimos recursos dramáticos e marcou o sucesso de sua carreira com papéis humorísticos na Rede Globo. O roteiro do filme baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva acompanha a história de Eunice Paiva, mãe de cinco filhos, após o sequestro e assassinato do seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva pela ditadura militar. “Ainda Estou Aqui” restringe a história deste período do país a sua visão “democrática” sobre o regime militar, se distanciando completamente do combate das organizações políticas que levaram a cabo a luta armada contra a ditadura gorila, somado à uma esfera familiar pequeno burguesa romantizada e na perspectiva da oposição política burguesa “moderada”.
Sem aprofundar a questão do caráter da luta de classes e da justeza da resistência armada ao regime pró-imperialista, gerido pelos militares e grandes capitalistas nacionais, como a Famiglia Marinho, não por coincidência provedores do filme. Tanto que a Globo faz do longa uma peça mercadológica para ganhar milhões de reais apresentando-o em sua cobertura a conquista do Oscar como uma “Vitória do Brasil” quando na verdade não passa de um produto ideológico e financeiro da emissora golpista.
O favoritismo da película brasileira a pelo menos duas categorias do Oscar, melhor atriz e filme internacional, não é produto de suas qualidades artísticas, e sim da apologia que faz de um “capitalismo com a vigência dos direitos civis” e sem a repressão policial aos opositores burgueses disciplinados e reformistas domesticados. Apresenta uma versão completamente domesticada da esquerda, tanto que em nenhum momento joga os “holofotes” nos heróicos militantes que pegaram em armas contra ditadura, lhes reservando um papel ultra-secundário na trama, quase um anonimato nos obscuros porões do regime militar. O centro do enredo é o drama familiar pequeno-burguês e não o combate armado a ditadura, até porque a Globo apoiou os generais golpistas que impuseram as torturas e assassinatos que agora na falsa democracia burguesa derrama “lágrimas de crocodilo”.
O longa metragem foi lançado para reforçar a campanha à reeleição de Lula, com todo o suporte do então governo Biden, e com os fundos da mafiosa USAID. Agora o Oscar será o corolário dessa operação midiática e política de embuste que nada mais é que um novo capítulo no embotamento da consciência de classe dos trabalhadores!