Em 2006, o decadente Congresso Nacional da burguesia foi ocupado no dia 06 de junho por mais de 500 militantes que integravam o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST). Quando a ocupação política começou, impulsionada pelos lutadores sociais do campo, o então presidente da Câmara, Aldo Rebelo, recebia uma delegação de deputados do Paraguai. A primeira providência que Aldo tomou foi telefonar ao presidente Lula e a governadora do DF (Maria Abadia/PSDB) para pedir reforço militar do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Quase mil policiais foram deslocados para o Congresso. Parlamentares de todos os partidos (inclusive o PT) exigiram a invasão do prédio pela PM e a prisão imediata dos manifestantes integrantes da esquerda socialista.
Com o aval dos governos federal e distrital a polícia começou a prender os cerca de 300 manifestantes, que foram levados inicialmente para o Ginásio de Esportes da PM. Os ativistas foram autuados por “dano e destruição do patrimônio público e agressão”. A polícia informou na época que alguns militantes do MLST também seriam processados por tentativa de homicídio. Os manifestantes ficaram detidos e permaneceram no presídio da Papuda onde foram submetidos a prática de tortura. Entre os presos estava o dirigente histórico do PCBR, Bruno Maranhão, que também era secretário nacional de movimentos populares do PT e integrava a Executiva do partido. Bruno ficou encarcerado por dois meses na Papuda e veio a falecer alguns anos depois vítima das sequelas físicas que sofreu durante sua prisão política em pleno governo frente populista de Lula.
Passados quase 19 anos da histórica ocupação do corrupto Congresso Nacional pelos valentes militantes do movimento social dos Sem Terra, hoje a exquerda domesticada pelo capital financeiro faz apologia da democracia burguesa, inclusive de sua justiça patronal, estando totalmente corrompida pelo governo da Frente Ampla burguesa encabeçado por Lula&Alckmin. A heróica ação direta dos Sem Terra, ocupando o Congresso Nacional e “quebrando tudo”, deve ser reivindicada como um marco político da luta contra o Estado capitalista e suas instituições que servem exclusivamente a classe dominante.
Mas é preciso ter clareza programática, a ação direta do MLST, não foi planejada nem de longe como um golpe de Estado. Embora o ato dos trabalhadores e militantes do MLST tenha sido bem radicalizado contra o parlamento burguês, não poderia ser caracterizado como uma tentativa de golpe de Estado, que pressupõe um nível de preparação muito elevado, com uma logística de guerra civil, envolvimento de armamento pesado e deslocamento de brigadas militares. Sem a introdução desses elementos fundamentais, sequer podemos falar em “terrorismo”, e consequentemente nem pensar em “tentativa de golpe”…