O debate político e programático em torno da cassação do mandato parlamentar de Glauber Braga (PSOL-RJ) para os Marxistas Leninistas é bem mais profundo e criterioso do que vem sendo discutido nos círculos democratizantes da exquerda burguesa, tendo um ângulo teórico totalmente distinto, ou melhor dizendo, revolucionário. Desde a LBI, que prestou imediatamente solidariedade a Glauber Braga pela sua cassação arbitrária no “Conselho de Ética”, alertamos que ele apegado ao seu mandato de deputado federal dentro do marco da institucionalidade burguesa é na verdade vítima de seu próprio cretinismo parlamentar porque não atua como um tribuno da denúncia do Estado capitalista como nos ensina as resoluções da III Internacional, mas sim age como um reformista “radical” que deseja “ética na política”, “democracia” e “justiça social”, ou seja, defende reformar o regime político burguês por dentro de suas instituições.
A III Internacional apontou, ao contrário do que defende o deputado do PSOL, que “Os Parlamentos burgueses, que constituem uma das principais engrenagens do aparelho de Estado da burguesia, não podem ser conquistados pelo proletariado tal como o Estado burguês em geral. A tarefa do proletariado é a de fazer explodir o aparelho de Estado da burguesia, destruí-lo, incluindo as instituições parlamentares, quer as das repúblicas quer as das monarquias constitucionais.”
Glauber faz justamente o oposto em seu mandato, ele paga o preço por suas ilusões no próprio parlamento e não parte para denunciar e romper com o circo que é esse covil de bandidos, perdendo a oportunidade histórica de desmascarar nas ruas e com mobilização popular esse pilar de sustentação da ordem capitalista, tanto que opta por uma inócua e isolada “greve de fome” dentro das sombrias instalações na Câmara Federal, o que simbolicamente expressa seu apego ferrenho a essa carcomida e corrupta instituição da república do capital, que ele pelo visto defende ficar, mesmo que totalmente apartado fisicamente do movimento de massas e das lutas em curso!
Desde a LBI defendemos que Glauber fica… mas apontamos publicamente a crítica marxista direta que para um revolucionário somente tem sentido ficar no parlamento burguês como um tribuno da denúncia do Estado capitalista, caso contrário sua atividade parlamentar não é um ponto de apoio ativo para o combate revolucionário do proletariado e sim um mero cretinismo legislativo por mais “radical” que possa parecer!
Glauber definivamente parece que nunca leu e certamente muito menos aplica o que nos legou a III Internacional que aponta “Admitir por princípio a ação parlamentar revolucionária não implica de modo algum que se participe efetivamente em todos os casos nas eleições e em determinadas assembléias parlamentares. Isso depende de uma série de condições específicas. A saída dos comunistas do Parlamento pode ser necessária em determinados momentos.”
O deputado do PSOL aceitou participar do circo parlamentar sem denunciá-lo como tal e dentro das regras do jogo proposto pela institucionalidade burguesa, está perdendo uma oportunidade ímpar de denunciar o imenso conluio entre o parlamento e o governo burguês de Lula, portando acaba legitimando o processo-farsa dentro das regras propostas pelos seus algozes.
Os revolucionários apontam no sentido contrário de Glauber como baliza as resoluções da III Internacional de “utilizar a tribuna parlamentar para fazer a agitação revolucionária, para denunciar as manobras do adversário, para agrupar em torno de certas idéias as massas prisioneiras de ilusões democráticas e que, sobretudo nos países atrasados, voltam ainda os seus olhares para a tribuna parlamentar, esta ação deve estar totalmente subordinada aos objetivos e às tarefas da luta extraparlamentar das massas”.
Por essa razão ele e seus aliados no PSOL “atuam” por dentro do parlamento não para destruí-lo assim como o conjunto das putrefadas instituições do Estado capitalista mas para reformá-lo o que é uma perspectiva política e programática totalmente oposta da defendida pelos Marxistas Leninistas como nos ensinou a III Internacional de Lênin e Trotsky!
