A mudança radical na política tarifária dos EUA, levada à frente pela nova gerência de Donald Trump destaca claramente a essência de sua política: A tentativa desesperada e agressiva de recompor o poder econômico da burguesias industrial norte-americana, solapada duramente pela Governança Global do Capital Financeiro que transferiu uma imensa reserva de valor acumulado para a reprodução capitalista na China, erigindo no gigante asiático o maior parque industrial do planeta.
A pausa de 90 dias nas tarifas acima de 10% para todos os países, em conjunto com várias negociações regionais para os blocos econômicos, foi anunciada ao mesmo tempo do aumento monumental nos impostos sobre produtos chineses, indicando a prioridade: de Trump, confrontar a China!
Seja qual for a forma como os acólitos de Trump retratam essa mudança, esta foi impulsionada pelo mercado internacional de títulos financeiros , que como no caso de Liz Truss, pune a imprudência percebida pela Casa Branca tornando sua dívida pública mais cara.
As altas tarifas de importação também dividem a própria classe dominante ianque , como tais políticas costumam fazer, desde que a globalização estabeleceu uma cadeia produtiva mundial, com um forte viés neoliberal.
Parte da base política dos rentistas republicanos, “eleitores“ de Trump, também protestou contra o golpe em seus interesses financeiros, como foi o caso do próprio “testa de ferro “ Elon Musk. O homem que pretende ir para o planeta Marte, obviamente com o dinheiro da NASA, chegou a chamar o “guru” comercial de Trump, Peter Navarro, de “mais burro que um saco de tijolos”.
Evidentemente que se trata de uma disputa intestina da burguesia imperialista, pela repartição do saque ao proletariado. Todos eles estão unidos em uma asquerosa ofensiva xenófoba : “América em Primeiro Lugar”. Este é o cerne ideológico do trumpismo , um ataque aos direitos civis no próprio Estados Unidos, somado a uma “alavanca” estatal para recompor a burguesia industrial ianque.
Em contrapartida, a defesa do chamado “livre comércio” não é uma bandeira política a ser empunhada pelo movimento da classe trabalhadora internacional, como quer nos fazer crer a exquerda domesticada, em nome de sua apologia ao suposto “multipolarismo chinês”. Nossos princípios programáticos passam pelo Internacionalismo Proletário, formulado por Marx, Lenin e Trotsky, e são totalmente incompatíveis com o protoimperialismo maoísta, impulsionado nas últimas décadas pela Governança Global do Capital Financeiro.