As eleições presidenciais no Equador revelaram mais uma vez que a democracia burguesa e a soberania popular já são uma ficção. A Governança Global do Capital Financeiro promove um rodízio temporal de seus gerentes estatais, ora elege uma figura da direita neofascista, ora da esquerda burguesa, tudo a depender dos seus interesses econômicos e da própria correlação conjuntural de forças entre as classes sociais. No Equador, o resultado do primeiro turno, deu uma pequena vantagem para o atual presidente Noboa sobre Luisa, cerca de 0,17%, ou seja de 16 mil votos. Mas as fraudulentas pesquisas eleitorais do segundo turno indicavam uma vitória da oposição, porém o resultado divulgado pelo CNE(o TSE de lá) foi o oposto, com uma vantagem de Noboa superior a 1 milhão de votos.
A candidata da oposição burguesa, Luisa González, ligada ao ex-presidente Social Democrata Rafael Correa, já anunciou que vai pedir recontagem dos votos, porém se recusou a convocar uma mobilização de massas contra a fraude eleitoral. Estranhamente no país andino marcado por golpes de Estado e estafas eleitorais, essa é a primeira vez que o correismo acusa as eleições equatorianas de fraude, o que não significa que é a primeira vez que as fraudes ocorrem, e sim que a disputa entre os setores burgueses pelo botim estatal tem elevado seu grau de violência.
Daniel Noboa tem conduzido o país com uma feroz política neoliberal e de submissão econômica ao imperialismo ianque, inclusive com uma tentativa de “rasgar” a Constituição Nacional para permitir que os EUA instalem novas bases militares no território equatoriano, o que tem sido criticado pelo parlamento. O presidente da direita neofascista também autorizou, através de acordos de “cooperação militar”, que tropa dos Estados Unidos atuem no território equatoriano sob o pretexto de combate ao tráfico de drogas. Com esse “cartão de visitas” para a Casa Branca, fica fácil entender porque as eleições equatorianas eram um jogo de cartas marcadas, com bastante antecedência.
A crise social e econômica no Equador é um foco de tensão prestes a explodir. A burguesia agroexportadora, aliada aos rentistas do mercado bursátil de ações fez o “negócio de suas vidas” mantendo a dolarização e destruindo quase todos os direitos da classe operária, benefícios trabalhistas também subtraídos pelo antigo governo Correa. O Equador vive uma guerra não declarada, onde o conjunto de alas políticas da burguesia atacam uma população mergulhada na mais abjeta miséria social. As rebeliões populares dos últimos anos mostram que o caminho da libertação nacional não é o das eleições burguesas. O proletariado, em unidade de ação com o campesinato, deve construir suas próprias ferramentas de luta, com o objetivo estratégico da revolução socialista.