O PTS argentino, grupo revisionista do trotskysmo, adotou uma posição escandalosa diante da morte do Papa Francisco na tentativa de amealhar alguns votos na próxima eleição no país natal de Bergoglio. O portal “La Izquierda Diario” (21/04) no artigo “A los 88 años murió Jorge Bergoglio, el papa Francisco” que já no título em tom jornalístico se abstém de qualquer crítica a conduta de seu compatriota a frente do Vaticano parte vergonhosamente para o elogio aberto ao declarar “A las 7:35 de este lunes (hora italiana), falleció en su residencia de la Casa Santa Marta. El argentino de 88 años fue papa desde 2013. Se presentó como un reformador… Para hacerlo, apeló a ciertos gestos que se consideraron progresistas que le valieron el rechazo de los sectores más conservadores y reaccionarios de la Iglesia, así como también la simpatía de quienes hoy lo duelan”. Como podemos observar a adaptação do PTS a democracia burguesa e sua incessante busca de parecer cada vez mais palatável a pequena-burguesia “progre” argentina em função das eleições burguesas o leva a reverenciar a trajetória desse agente eclesial da nova ordem do capital financeiro e inimigo visceral da classe operária travestido de progressista, uma farsa que foi patrocinada nos 12 anos de seu papado pela mídia corporativa mundial com o apoio da esquerda domesticada.
A direção revisionista do PTS de olho nas eleições legislativas do final de ano que renovarão parcialmente os postos parlamentares do país trata de não atacar frontalmente o papa argentino para não se indispor com o eleitorado católico, ressaltando o seu “respeito ao momento de dor” da Igreja. Por essa razão declara diplomaticamente “Más allá de estas ‘dos caras’ que unos y otros se encargarán de resaltar en su favor o en su contra, sostenemos que la orientación ‘reformista’ que le imprimió Bergoglio a su papado, no alteró profundamente el verdadero carácter de la Iglesia como institución del orden social, al servicio de los opresores. Todo lo que sin duda, encontrará mejores momentos, para el análisis, el debate y la justa valoración histórica”.
Ocorre que a tal “orientação reformista” de Bergoglio que o PTS elogia está diretamente alinhada ao programa da Governança Global do Capital Financeiro e sua demagogia do “capitalismo inclusivo” que o Papa firmou em compromisso junto com rentistas mundiais para melhor aplicar a plataforma do Fórum de Davos que deseja submeter a humanidade a um conduta de completa subserviência aos interesses do grande capital com a “benção divina” apoiando o identitarismo, o terror sanitário, a “pluralidade democrática” entre outros “valores universais” da nova ordem capitalista para minar a luta de classes.
A bajulação a figura de Bergoglio por parte do PTS não vem de hoje. Durante os dias mais agudos da Guerra na Palestina iniciada em 07 de Outubro de 2023 esse grupo revisionista (e seus satélites) adotou a uma falsa posição pacifista muito próxima a do Papa Francisco que sempre advogava um “cessar fogo” sem denunciar Israel. A declaração da Fração Trotskista intitulada “Abaixo os bombardeios e a intervenção militar israelense contra o povo palestino” clama contra os bombardeios de Isreal na Faixa de Gaza mas não defende em nenhum momento a vitória militar da resistência armada palestina. Ao contrário o PTS atacou o Hamas para justificar sua covarde negativa de unidade de ação com o grupo islâmico que luta de armas na mão contra Israel. O texto da declaração afirma “Não compartilhamos dos métodos do Hamas, que impedem o avanço rumo à necessária unidade em luta entre a população árabe palestina”, postulado quase indêntico as homilias de Francisco. Para esses revisionistas do Trotskysmo, que tem como sua principal bandeira programática o pacifismo pequeno-burguês ao melhor estilo da demagogia do Papa, o Hamas e o carniceiro terrorista Netanyahu “são farinha do mesmo saco” portanto a resistência palestina não deve ser apoiada e sim a “paz” em abstrato.
Com vemos o PTS adotou uma posição escandalosa no arco dos revisionistas do Trostskysmo, superando todos os seus parceiros da FIT-Unidad (Partido Obrero, IS…) que agora o criticam a “boca miúda” sua conduta “eleitoralista” embriagada e demagógica diante da morte do Papa.