O livro “Os genuínos trotskistas e a questão cubana” aborda a importância histórica de defender o Estado operário cubano das investidas do imperialismo. A revolução vitoriosa em 1959 dirigida por Fidel e Che arrancou a pequena ilha das garras dos grandes monopólios ianques, transformando um país que era literalmente um prostíbulo da burguesia norte-americana em uma nação que anos depois rompeu com o jugo da dominação da cadeia de espoliação capitalista, garantindo a seu povo conquistas históricas como educação pública, gratuita e um dos sistemas de saúde mais avançados do planeta. Nem os mais de 50 anos de criminoso bloqueio econômico fizeram ruir essas conquistas que permanecem socialmente vigentes para o proletariado, apesar das imensas dificuldades que impõe a Cuba até hoje.
Sabemos perfeitamente que Cuba atravessa um momento extremamente difícil em sua existência. Desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, quando a restauração capitalista varreu o Leste Europeu e a União Soviética, em uma profunda derrota do proletariado mundial, a economia cubana perdeu grande parte dos seus parceiros comerciais impondo-se ainda mais a ilha operária o isolamento político e econômico. Foram tomadas várias medidas de mercado para tentar revitalizar sua economia. Não nos opomos por princípio à adoção dessas medidas, pois até Lenin e o Partido Bolchevique as tomaram na URSS por meio da NEP. Mas compreendemos que a melhor forma de defender as conquistas da revolução é reforçando o chamado a derrotar o imperialismo em nível mundial e não a estabelecer com a Casa Branca e a Igreja Católica uma política de “coexistência pacífica”.
O legado teórico de Trotsky nos ensinou que era preciso defender incondicionalmente a URSS, apesar dos erros e traições de Stalin. Hoje, com Cuba fazemos o mesmo. Ainda que tenhamos críticas à direção do PCC, jamais nos somamos ao imperialismo e sua corja arquirreacionária nos ataques ao Estado operário; pelo contrário, sempre estivemos na linha de frente da sua defesa, não apenas como “amigos de Cuba”, mas acima de tudo como internacionalistas proletários e defensores do socialismo científico como alternativa à barbárie capitalista que ameaça a existência da própria humanidade. Acreditamos que somente a mobilização internacionalista da classe operária poderá fazer frente aos planos do império para aniquilar totalmente a enorme referência mundial da revolução cubana. Por isso não devemos depositar nenhuma confiança nos “acordos” amistosos com os chefes “democratas” dos estados terroristas. A trágica lição abstraída da guerra da Líbia, onde Kadaffi “confiou” nos abutres imperiais europeus que logo em seguida devastaram seu país, deve servir como um farol revolucionário para a vanguarda classista do proletariado mundial na defesa de Cuba.
Tragicamente, diversas correntes que se reivindicam trotskistas, rompendo com o mais elementar critério de classe, hoje atuam como verdadeiros agentes da contrarrevolução “democrática”. Já durante a chamada “crise dos balseiros” em 1994 esses senhores se postaram ao lado dos mafiosos gusanos e clamavam por “liberdade” em Cuba, quando esta campanha midiática não passava de uma trama do imperialismo para isolar a ilha e buscar a desestabilização do regime no lastro do fim da URSS. Essa conduta vergonhosa, que enlameia o nome do “trotskismo”, ganhou o justo ódio da classe operária cubana e da vanguarda internacionalista que defende o Estado operário. Mas o genuíno trotskismo, repetimos, não é partidário dessa cantilena montada nos gabinetes do Pentágono sobre o cínico pretexto da “defesa dos direito humanos”. Da mesma forma que denunciamos a farsesca “revolução árabe”, voltada a atacar regimes políticos que são obstáculos aos planos neocolonialistas de Obama para o norte da África e Oriente Médio (primeiro Líbia, agora Síria e depois Irã), nos postamos contra tais “movimentos democráticos” made in CIA urdidos contra Cuba. Por isso alertamos, os próximos passos da Casa Branca estão bastante claros: primeiro a chantagem “democrática”, utilizando a dissidência contrarrevolucionária como as “Damas de Branco”; depois a tradicional agressão militar apoiada na colossal superioridade bélica do Pentágono. Nesse cenário, não nos surpreenderemos se amanhã esses mesmos “trotskistas” calhordas paladinos da “primavera árabe” saírem a saudar entusiasticamente os “rebeldes cubanos” que se levantam contra o que eles chamam cinicamente de “ditadura dos irmãos Castro”. A LBI não apenas denuncia publicamente esses canalhas que maculam a bandeira da IV Internacional como se posta incondicionalmente a lado do povo cubano e em frente única com o PCC na defesa da ilha operária. Não por acaso, fizemos questão de lançar nosso blog político em julho de 2011 somando-se à campanha pela libertação imediata dos cinco militantes cubanos encarcerados pelo império terrorista, alertando que o método da ação direta e mobilização permanente da classe operária mundial é o caminho correto para apontar na libertação dos companheiros Fernando González, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Gerardo Hernández e René González, acusados farsescamente de terrorismo pelo então governo Clinton e que cumprem severas penas desde 1998, seguindo encarcerados neste momento pelo mesmo bando ianque “democrata”, chefiado pelo assassino Obama, que manteve o cárcere de Guantánamo e tem as mãos sujas de sangue do povo líbio.
Justamente por defendermos incondicionalmente Cuba e as conquistas históricas da revolução, intervimos nessa Convenção Nacional de Solidariedade a ilha operária e publicamos o folheto “Os genuínos trotskistas e a questão cubana” com a certeza de que para garantir sua manutenção os trabalhadores cubanos devem lutar pela imediata expulsão dos agentes da CIA, combater a nefasta influência ideológica da Igreja Católica dirigida pelo Papa-nazi Bento XVI e derrotar todas as organizações anticomunistas camufladas de democráticas. Ao mesmo tempo, como aponta o Programa de Transição elaborado por Trotsky em 1938, não defendemos a volta à democracia burguesa e a legalização de todos os partidos de uma maneira geral em Cuba, mas a revolução política para que os conselhos populares decidam verdadeiramente como melhor levar a luta contra os privilégios, a desigualdade social e o reforço da economia planificada segundo os interesses dos próprios trabalhadores. Lutamos decididamente contra a destruição do Estado operário cubano, já que isso representaria uma enorme derrota para o proletariado latino-americano e mundial, abrindo um período sem precedentes de avanço imperialista. A defesa incondicional de Cuba contra o imperialismo ianque é para a LBI tarefa primordial assim como para todos aqueles que se colocam pela construção de uma América Latina socialista e revolucionária!
Os Editores
Maio/2012