Lituânia, Letônia e Estônia desconectaram seus sistemas elétricos da rede ligada à Rússia no sábado, mais de 30 anos após a desintegração da União Soviética. “Adeus Rússia, adeus Lenin!”, gritou o presidente lituano Gitanas Nauseda, fazendo mímica de um suposto telefonema para um líder soviético na presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Cortamos nossos últimos laços restantes com a Rússia. Finalmente livres de ameaças e chantagens. É um dia histórico”, escreveu Von der Leyen na rede X, antigo Twitter. Os sistemas elétricos desses países bálticos operaram no último sábado conectados à rede elétrica europeia comum, via Polônia a ponta de lança da OTAN nessa região.
No entanto, especialistas bálticos em energia estão céticos quanto às consequências dessa medida que subordina a soberania destas nações aos interesses do imperialismo. Para estes países a mudança de rede traz muita incerteza, já que a União Europeia tem priorizado a relação com os EUA, comprando gás natural e petróleo norte-americanos a preços abusivos. Muito contrariado, o diretor geral da empresa de energia estoniana Elering declarou na mídia local: “Temos que estar preparados. Temos um plano de crise abrangente para todos os cenários possíveis, incluindo se as usinas de energia pararem de funcionar, o que é comum, ou se os sistemas de computador caírem”, acrescentou Kalle Kil.
Os altos preços da eletricidade e energia de forma geral são um dos fatores que vem aprofundando a crise capitalista no países europeus. A Alemanha, considerado o “coração” econômico do imperialismo europeu, atravessa forte recessão o que inclusive gerou a renúncia do atual Primeiro Ministro, o Social Democrata Olaf Scholz. O governo alemão decidiu cortar o abastecimento de gás natural barato que recebia diretamente da Rússia, optando pelo caro fornecimento norte-americano, logicamente por uma imposição geopolítica da OTAN. O resultado desta “inflexão” da Social Democracia foi o fechamento de várias indústrias, inflação e aumento do desemprego. Os “graciosos” governos burgueses neoliberais bálticos caminham na mesma direção, gritando “Adeus Lenin”…